Aqui estou eu, é outono lá fora, estou a frente do computador a dois dias,vendo filmes e filmes, sentada encolhida na cadeira, com o cabelo despenteado,usando um pijama largo desbotado,uma jaqueta preta com o zíper estragado.
Decido fazer algo, não dá para ficar assim. NÃO AGUENTO MAIS!É preciso tomar uma decisão,me ergo da cadeira decidida, tomo uma ducha demorada e quente.E fico pensando como farei, como será,
criando diálogos em minha mente.Enrolada na toalha, passo a mão no espelho embaçado,me deparo com uma mulher cansada de nada, olheiras profundas e um cabelo ruivo mal pintado.Faço uma bela maquiagem, passo um delineador preto,um batom vermelho vivo.Escolho uma roupa, e logo escondo tudo sob o sobretudo do inverno passado.
Pego minha bolsa, tranco a porta de meu flat.O sol está radiante queimando minhas pupilas,coloco meus óculos e ando pelas ruas geladas e cinzas de Jaraguá. Me admiro com a fumaça que sai de minha boca do choque de meu bafo quente com o frio. Chego na porta de sua casa, toco a campainha. Ninguém atende na primeira chamada, penso em desistir, mas toco novamente.Um senhor saindo da casa ao lado chama minha atenção " Não há ninguém em casa hoje, estão no casamento" Eu o agradeço e pergunto o local deste tal casamento. Novamente estou andando, melhor, correndo pelas ruas. Quando chego em uma igreja, um casal mais radiante que o sol que vos toca a face.É tarde de mais...
E por trás de uma árvore fiquei a vê-los dar um beijo e entrar num belo Mercedes enfeitado. Já partiram, e eu estou aqui. Escorrego pela arvore, já aos prantos. Sujando meu sobretudo na grama molhada. Mas nem me importo. Nada mais me importa. Só o amor arruinado que me fará sofrer, passar mais e mais dias me culpando por ser, tão insuportavelmente insegura de mim, por não ter agido antes, por não ter corrido atrás dele quando eu ainda tinhas chances, por deixar para tão tarde, mas sempre tão orgulhosa, deixei tudo ser arruinado por um simples atraso em um jantar de quarta dos casais, e tão explosiva criando um caos, terminando todos esses anos de amor. Agora, ele partiu para frente, eu fiquei presa no passado. E meu cujo único motivo de viver. Existe ainda, mas não em minha vida. Acho que a minha decisão chegou tarde demais.
